Ser Presidiário é...

Não consigo combinar palavras capazes de traduzir a essência desta nação... Eu poderia usar a definição do dicionário (nação s. f. 1. Conjunto de indivíduos habituados aos mesmos usos, costumes e língua. 2. Estado que se governa por leis próprias), afinal, como diz um de nossos hinos, compartilhamos da mesma condição (a de presidiários) e vivemos sob nossas próprias leis (ao contrário e sem compromisso). Mas, ainda assim, seria insuficiente. A nação Presidiana, diferente do que possa aparentar, não nasceu da apologia ao álcool ou à transgressão, Ao Contrário, nasceu da alma poética de um homem que, justamente, por ver (e viver) a vida como uma eterna folia queria sim fazer apologia, não à subversão, mas à amizade, à celebração. “Presidiários Anônimos” é caricatura, é exagero, é a expressão bem humorada e descontraída da capacidade que temos de transformar um dia vazio numa grande festa. Creio ter sido este o ideal do nosso Eterno Presidente de Honra Zé Helder ao pôr, com a ajuda de seus companheiros, seu bloco na rua. E entendo ser a prova da nobreza e veracidade de tal ideal o fato de estarmos, há vinte e cinco anos, re-pondo o bloco na avenida e celebrando o que, verdadeiramente, nos re-une: a amizade e o abraço de Piedade.

por: 4362 - Aline Barra

domingo, 27 de junho de 2010

Sobriedade Etílica

Minhas primeiras lembranças do Zé Helder remontam à infância passada ali na rua sem saída do centro de Piedade. Nos feriados ou festas, enquanto ia para casa de minha avó, via chegar sempre em festa o Zé. Sua presença marcava e todos sabem o porquê. Zé nunca foi daqueles que passa despercebido. Onipresente! Sua alegria ao chegar a Piedade para beber com os amigos era tanta (patente presidiana) que um dia resolveu não mais voltar. A conta é simples: se ficar é prazeroso e voltar é um saco, sendo a vida curta e a cachaça quase infinita, fico eu e que o resto se exploda. Belo raciocínio José, só que poucos detêm o contra-senso de saltar do ônibus dos comuns para viver a sua vida. E àqueles que mostram como se faz, como você mostrou, fica nossa admiração eterna, nosso carinho e, particularmente hoje, nossa dor. Dor por não ter aproveitado mais seu dia-a-dia, dor por não ter descido ao Tonho mais vezes para tomar mais uma juntos. Na nossa última cerveja, na sexta-feira santa, ao ser indagado sobre a festa de 20 anos do bloco, respondeu de prontidão com uma sobriedade etílica que só ele tinha, "o passado é imutável, vamos pensar no futuro". E o futuro Zé, nos remete aos 25 anos do bloco, onde esperamos fazer jus aos seus ideais de vida, sua cultura, sua amizade, sua irreverência e sua fé. Poderia encerrar este texto definindo o Zé por vários lados que nos mostrava, mas por ser homem de buteco, finalizo dizendo que Zé era o único bêbado suportável e o único bêbado que não falava besteira.

Obrigado José.

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Um comentário:

  1. Minha maior FELICIDADE foi ter conhecido
    o Zé Helder.Falar sobre ele é muito gratificante,poucas pessoas no mundo nasceram como ele.Amigo,divertido e dono de um coração que abrigava a todos.Talvez não tive tempo de dizer a ele o quanto eu o admirava,mas com certeza ele estará sempre presente no meu coração.Obrigada Zé,por eu ter te conhecido e pelas lembranças que terei sempre de você.

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