Ser Presidiário é...

Não consigo combinar palavras capazes de traduzir a essência desta nação... Eu poderia usar a definição do dicionário (nação s. f. 1. Conjunto de indivíduos habituados aos mesmos usos, costumes e língua. 2. Estado que se governa por leis próprias), afinal, como diz um de nossos hinos, compartilhamos da mesma condição (a de presidiários) e vivemos sob nossas próprias leis (ao contrário e sem compromisso). Mas, ainda assim, seria insuficiente. A nação Presidiana, diferente do que possa aparentar, não nasceu da apologia ao álcool ou à transgressão, Ao Contrário, nasceu da alma poética de um homem que, justamente, por ver (e viver) a vida como uma eterna folia queria sim fazer apologia, não à subversão, mas à amizade, à celebração. “Presidiários Anônimos” é caricatura, é exagero, é a expressão bem humorada e descontraída da capacidade que temos de transformar um dia vazio numa grande festa. Creio ter sido este o ideal do nosso Eterno Presidente de Honra Zé Helder ao pôr, com a ajuda de seus companheiros, seu bloco na rua. E entendo ser a prova da nobreza e veracidade de tal ideal o fato de estarmos, há vinte e cinco anos, re-pondo o bloco na avenida e celebrando o que, verdadeiramente, nos re-une: a amizade e o abraço de Piedade.

por: 4362 - Aline Barra

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Entrevistas com Ex-Presidentes

Esta semana temos a honra de publicar a entrevista do ex-presidente 4330, Enilson Ribeiro - Barrão. Enquanto nos aproximamos da grande festa, leiam, divulguem, compartilhem mais uma entrevista que engrandece o blog e mantêm nossa história viva para prepararmos, cada vez mais, nosso futuro.

1. Qual motivação o levou a aceitar a presidência do Bloco Caricato Presidiários Anônimos e como aconteceu?


A motivação de poder contribuir e não deixar morrer um bloco feito por amigos e que traz muita alegria para os foliões nas noites de segunda-feira do carnaval Piedense. Assumimos a presidência em conjunto com o José Helder e o Mário (Zé Brasil), sendo o primeiro como Presidente de Honra e o segundo o Presidente, mas na verdade o comando do bloco foi entregue a mim, onde tomava as decisões, claro com o aval de toda a comunidade Presidiana. Isso aconteceu durante dois anos, creio que 1990 e 1991. Nos anos seguintes, não sei quantificar quantos, assumimos a presidência em sua plenitude.



2. Qual o maior desafio durante a sua gestão e a maior recompensa?

Desde 1990, quando estava à frente do bloco, tínhamos em mente dois grandes desafios, o primeiro de aumentar a popularidade do bloco e a primeira atitude a ser tomada foi elaborar uma camiseta para o bloco. Em 1991 conseguimos a primeira camiseta, na época, foi um desastre perante a sociedade Piedense, as pessoas mais idosas e ou cheias de pudores não queriam que a camiseta circulasse em vias públicas, mas depois de muita luta e algumas adaptações nós conseguimos usá-las. Foi um sucesso e hoje já são vinte anos de camisetas dos Presidiários, uma tradição do carnaval Piedense. O segundo desafio era abrir o bloco para mais pessoas (amigos) participarem, sendo o desafio maior convencer os integrantes até então, permitir a entrada do sexo feminino, a luta foi grande e difícil, mas depois conseguimos e em 1993 ou 1994 ( também não me recordo bem) saíram as primeiras mulheres desfilando nos Presidiários. Uma outra tradição que iniciou na nossa administração foi o grande churrasco dos presidiários, no inicio realizado as sábados depois do carnaval, e depois para que todos integrantes pudessem participar, passou a ser nos sábados de carnaval. Não quero dizer que foi mérito só meu, foi de todos, principalmente daqueles que contribuíram diretamente com trabalho, ajuda financeira, idéias ou até mesmo com um simples elogio.

A maior recompensa é ver os presidiários comemorar 25 anos e que, o que foi criado em nossa administração ter se tornado tradição no bloco e no carnaval Piedense.



3. Conte uma boa passagem do saudoso presidente de honra, Zé Helder.

Em 1991 queríamos lançar nossa primeira camiseta, eu e o Alex tínhamos um amigo desenhista em Viçosa, o Claré de Rio Casca. Pedimos a ele para fazer o desenho, e assim o fez, só que precisava de uma arte final para o desenho. Como todos sabem, nosso saudoso Sá Neném (Zé Helder) era de uma popularidade e tanto e nos indicou o Paulo Ricardo, amigo de golo de Barbacena para fazer a arte final. O Zé Helder ligou para ele e disse “Capricha que o espírito do bloco é o meu espírito”, imagina o que saiu, o cara era doido como o Zé e quase tivemos que jogar as camisas fora, esse era o espírito do Zé Helder.



4. Como você enxerga o bloco atualmente e como imagina seu futuro?

Hoje, o bloco é mais organizado, tem mais poder aquisitivo e mais pessoas contribuindo com a administração. Algumas coisas se perderam, o que acho normal pelo tamanho do bloco e pelo desanimo de alguns integrantes pelo avançar da idade e pelas responsabilidades conjugais, mas fazer o quê?? Mas acredito que o bloco ta no caminho certo e que teremos um futuro firme e sólido, claro com a contribuição de todos. EU QUERO ESTAR NAS BOLDAS DE OURO......



5. Qual a sua sensação ao ver o Bloco Caricato Presidiários Anônimos completar 25 carnavais?

São várias as sensações: Primeira a de dever cumprido, pois hoje o bloco caminha sem nossa contribuição direta. Segunda é de alegria e de festa, saber que uma simples desculpa para bebermos cachaça na segunda-feira ter se tornado uma das maiores tradições do Carnaval de Piedade. E em terceira, uma sensação de tristeza pela ausência dos amigos queridos, que por ter cumprido sua missão entre nós partiram, mas com certeza estaremos com eles sempre na batida dos tamborins dos Presidiários Anônimos. Amamos vocês sempre José Helder, Xisto Jr., Renato, Marco Aurélio, Jonas e Franco.

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