Ser Presidiário é...
Não consigo combinar palavras capazes de traduzir a essência desta nação... Eu poderia usar a definição do dicionário (nação s. f. 1. Conjunto de indivíduos habituados aos mesmos usos, costumes e língua. 2. Estado que se governa por leis próprias), afinal, como diz um de nossos hinos, compartilhamos da mesma condição (a de presidiários) e vivemos sob nossas próprias leis (ao contrário e sem compromisso). Mas, ainda assim, seria insuficiente. A nação Presidiana, diferente do que possa aparentar, não nasceu da apologia ao álcool ou à transgressão, Ao Contrário, nasceu da alma poética de um homem que, justamente, por ver (e viver) a vida como uma eterna folia queria sim fazer apologia, não à subversão, mas à amizade, à celebração. “Presidiários Anônimos” é caricatura, é exagero, é a expressão bem humorada e descontraída da capacidade que temos de transformar um dia vazio numa grande festa. Creio ter sido este o ideal do nosso Eterno Presidente de Honra Zé Helder ao pôr, com a ajuda de seus companheiros, seu bloco na rua. E entendo ser a prova da nobreza e veracidade de tal ideal o fato de estarmos, há vinte e cinco anos, re-pondo o bloco na avenida e celebrando o que, verdadeiramente, nos re-une: a amizade e o abraço de Piedade.
por: 4362 - Aline Barra
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Zé Helder - por Anselmo Monteiro
E o Zé não estava no bar do Tonho.
A notícia da sua morte nos assustou.
Por mais que a morte seja nossa única certeza, relutamos em acreditar.
E quando tratamos do Zé Helder fica ainda mais estranho, porque ele é daquelas pessoas que a gente acha que nunca vai morrer. Justamente por ser diferente, na verdade, uma caricatura!
Certo é que viveu. Abusou mais viveu, suicidou mais viveu. Escolheu ser assim, ou quisera o destino que assim fosse. E foi.
Foi inteso em tudo que fez e assim seguiu. Inteligente como poucos, carismático, poeta e louco, de tudo um pouco!
Se foi certo ou errado não nos cabe julgar. Certo é que os seus dias foram um grande carnaval, sem direito à quarta-feira de cinzas!
Nos deixou como herança um Bloco, uma Nação e como ele dizia com ênfase: "Bloco Caricato Presidiários Anônimos - Sem Preconceito! "
E às vésperas dos nossos 25 anos fica a certeza e a responsabilidade ainda maior de mantermos viva a nossa história e claro, de fazermos uma grande festa, como queria o Zé, nosso eterno
Presidente de Honra.
O "4321" se torna imortal. Nossos corações se enchem de saudade e a voz embargada não quer sair.
Hoje, mais do que nunca vive, revive e tremula o PRETO e BRANCO listrado, o orgulho de ser Presidiário.
Então Zé, vá em paz e fique tranquilo, segunda-feira de carnaval estaremos todos lá, no Bar do Branca, descendo o Rosário cantando e dançando como você começou há 25 anos atrás.
Hoje vamos chorar, mas não vamos parar, afinal, "o show tem que continuar... "
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